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Vivemos anos em prédios frios e sem vida, mas cresce cada vez mais a necessidade de um design que nos reconecte com a natureza: o design biofílico. Por que precisamos tanto dele e como podemos integrá-lo em nossa vida cotidiana?
Atualmente, 54 por cento da população mundial vive em um ambiente urbano. Em 2050, estima-se que esta porcentagem aumentará para 66 por cento, o que significa dois terços da população mundial. À medida que continuamos a nos mover em direção à cidade e a passar mais tempo em ambientes fechados, nossa interação diária com a natureza diminui cada vez mais, o que pode causar danos psicossomáticos. O design biofílico tem a propriedade de reverter esta tendência, podendo causar um forte impacto positivo em nossa saúde e bem-estar.
Desde a mais remota antiguidade as pessoas buscaram incorporar o habitat natural ao projeto de casas, espaços de trabalho e locais públicos, mas foi somente em 1984 que o biólogo americano Edward Wilson (1929 – ) criou o termo “biofilia”, descrito como “o desejo de se afiliar a outras formas de vida”. O design biofílico usa elementos naturais para proporcionar descanso e alegria em espaços feitos pelo homem, permitindo uma interação com a natureza sem comprometer o estilo de vida moderno. Ele envolve o uso de materiais naturais, luz natural e plantas para criar um ambiente construído mais agradável e eficaz, e existem várias maneiras de incorporá-lo em nosso dia a dia: plantas, paredes verdes, recursos de água e uso de materiais naturais como pedra e madeira. Fazer uma cobertura substancial de vegetação, usar madeira e pedra para pontes e caminhos e instalar elementos de água, como um lago ou uma fonte — tudo isso pode transformar a experiência de chegada e criar uma sensação de serenidade que muitas vezes está ausente no ambiente urbano. Esta abordagem também pode assumir uma forma mais indireta, como, por exemplo, o uso de imagens de árvores, lagos etc., ou a criação de formas e padrões biomórficos.
O design biofílico encanta pela beleza, mas seus benefícios vão além da estética. No local de trabalho, aumenta a criatividade e reduz o absenteísmo, com estudos registrando um aumento de 8% na produtividade e de 13% no bem-estar dos funcionários. Também demonstrou melhorar o tempo de recuperação do paciente em hospitais, reduzir as taxas de criminalidade em áreas residenciais e aumentar a capacidade de aprendizagem e os resultados dos testes nas escolas. Esses efeitos surpreendentes derivam da experiência do usuário aprimorada nas edificações. O Google, por exemplo, instalou claraboias em seus escritórios para fornecer mais luz natural, acrescentou mais plantas aos seus espaços e até mudou o papel de parede e o carpete para padrões mais naturais, o que a empresa afirma ter ajudado seus funcionários a se concentrarem melhor e a serem mais criativos e produtivos. Além de todos esses benefícios, o design biofílico também impacta de forma positiva o meio ambiente. Um relatório de 2016 da empresa Arup Design, Planning & Engineering, com sede em Londres, argumenta que os edifícios devem ser cobertos com vegetação como uma forma de tirar o dióxido de carbono do ar, filtrar a poluição atmosférica, reduzir o ruído e manter as cidades mais frias.
Além dos benefícios ao meio ambiente, podemos somar a redução do estresse e da ansiedade, menor absenteísmo e, consequentemente, colaboradores mais felizes e produtivos — integrar a natureza e os processos naturais em nossas vidas só nos traz benefícios e o design biofílico reconhece esta verdade. Uma vez que, historicamente, ele pode ser rastreado desde os Jardins Suspensos da Babilônia, uma maravilha do mundo antigo construída pelo rei Nabucodonosor II para sua esposa, a rainha Amytis, tudo indica que, nesse sentido, nosso futuro é o nosso passado.