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Projetada com o objetivo de proteger contra chuva, tempestades e animais selvagens, além de amenizar o calor, a arquitetura indígena é considerada extremamente funcional. Estudar seus diferentes modelos significa assimilar soluções sustentáveis e adaptadas às condições ambientais.
Os povos indígenas têm muito a nos ensinar. Prova disso é o Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), localizado em Cuiabá, MT, que ganhou o BREEAM AWARDS 2018 como o prédio mais sustentável das Américas. Inspirado em uma oca indígena, sua construção foi baseada na sabedoria e no conhecimento ancestrais dos povos do Xingu. Itens como iluminação natural, uso de energia solar, reaproveitamento da água, coleta seletiva e reciclagem, compostagem, biodiversidade e reaproveitamento de materiais demonstram o compromisso com a sustentabilidade e o respeito ao legado dos povos ancestrais da América.
A paisagem exuberante de Angra dos Reis, RJ, recebeu uma residência inspirada na arquitetura indígena. Conhecida como “casa folha”, a obra, projetada por um escritório carioca de arquitetura, exalta o que há de mais essencial na herança indígena brasileira, uma oca tradicional Kaiamurá. Tal como nas habitações indígenas, a casa foi construída com o menor impacto possível ao meio ambiente, minimizando o consumo de matérias-primas e otimizando o uso de energia.
O Memorial Rondon, em Santo Antônio do Leverger, distrito de Mimoso, MT, também tem como referência as habitações indígenas. Projetada como se fosse uma grande aldeia, a estrutura foi construída sobre uma palafita, tem formato circular e remete à ideia de ocas indígenas, uma das principais bandeiras do homenageado. (Crédito da fotografia: Aroeira Construções).
O Tekôa, espaço dentro do Ekôa Park, em Morretes, PR, foi construído levando-se em consideração os princípios arquitetônicos dos povos Yalawapit, que vivem na porção sul do Parque Indígena do Xingu, conhecida como Alto Xingu. A estrutura é composta por bambu em feixes e treliças, materiais abundantes na região, com beirais que mantêm a temperatura interna. Tudo inspirado nas construções Yawalapit, exemplares na arquitetura bioclimática.
Em formato de aldeia, o aeroporto mais ocidental do Brasil, em Cruzeiro do Sul, AC, também foi projetado com inspiração na arquitetura indígena.
O Memorial do Povo Indígena, localizado no Parque das Hortênsias, em Taboão da Serra, SP, homenageia a arquitetura e a cultura indígena brasileiras, com suas formas orgânicas de se estabelecer, cuidar, ser e estar.
A arquitetura atual pode ser muito influenciada pela cultura indígena, desde o uso de técnicas de construção até formatos inspirados nas suas edificações tradicionais. Em tempos nos quais a sustentabilidade está no foco das discussões de como enfrentar questões climáticas e ambientais, voltar o olhar para a arquitetura indígena brasileira pode ser uma forma de aprender a lidar com estas questões de uma maneira diversa.