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TECNOLOGIA E EMPREGO

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As manchetes de alguns jornais são alarmantes: a tecnologia acabará com milhões de empregos. Até que ponto isso é verdade? O progresso tecnológico levará a um desemprego em massa, fome e recessão? O que nos reserva o futuro sob a ótica da tecnologia e do emprego?

DESTRUIÇÃO CRIATIVA

Hoje em dia, se você perguntar a uma criança o que é uma máquina de escrever ou um disco de vinil, ela dificilmente saberá responder. A máquina foi substituída pelos computadores e o disco, pelos CDs, que por sua vez deram lugar ao streaming. Isso tudo foi previsto pelo economista austríaco Joseph Schumpeter (1883-1950), ao lançar em 1942 um livro intitulado Capitalismo, Socialismo e Democracia, no qual popularizou o termo “destruição criativa”.  Este fenômeno ocorre quando empreendedores criam novos produtos ou novas formas de produzir que florescem, causando mudanças na economia. A mudança tecnológica é acompanhada de um processo pelo qual o antigo é substituído pelo novo, assim, os novos processos tornam obsoletas as tarefas, habilidades e ocupações existentes – são as duas faces da destruição criativa. Se de um lado surge a inovação e mais opções para as pessoas consumirem e empreenderem, por outro lado os indivíduos ou instituições que trabalhavam em determinada área podem perder temporariamente seus empregos, talvez mesmo nunca voltando a se integrar ao mercado de trabalho.  Para Schumpeter, a substituição das tecnologias não vem sem destruição.

EMPREGOS À FRENTE

Um relatório do Institute for the Future (IFTF), com sede em Palo Alto, Califórnia, estimou que 85% dos empregos que existirão em 2030 ainda não foram criados. Portanto, apesar das informações e manchetes em contrário, a inovação tecnológica é uma criadora de empregos. Ela impulsiona o trabalho em inúmeros setores. Quantas ocupações existem hoje, as quais jamais se poderiam imaginar 50 anos atrás? As evidências demonstram que os empregos perdidos pelo avanço da tecnologia são recuperados em novas áreas. Um estudo de 2011, realizado pelo escritório da McKinsey, em Paris, descobriu que a Internet havia destruído 500.000 empregos na França nos últimos 15 anos, mas, ao mesmo tempo, criado 1,2 milhão de outras ocupações. E, junto a essas novas ocupações, surgiram novas maneiras de como se trabalha, aumentando a produtividade e a satisfação no emprego.

Muitas atividades que os trabalhadores realizam hoje têm o potencial de serem automatizadas, exigindo para isso mão de obra especializada, e aí surge uma questão: pode não haver trabalhadores disponíveis e qualificados. Portanto, quem deseja preservar seu emprego deve investir em qualificação.

A REDEFINIÇÃO DO TRABALHO

A relação entre tecnologia e desemprego estrutural é controversa. O trabalho manual está se extinguindo, substituído por máquinas que trabalham mais rapidamente, sem erros, sem se cansar ou ficar entediadas. As vantagens da tecnologia são visíveis em todos os campos da atividade humana, porém, essas mudanças não costumam acontecer sem alguma turbulência social e econômica. São os dois lados de uma mesma moeda: muitas vezes o progresso individual vem acompanhado de certo grau de dificuldade, que cabe a cada um transpor para seu próprio crescimento.

Mauricio Soutinho :