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O progresso tecnológico mostra-se vertiginoso; com isso, naturalmente o consumo global de eletrônicos aumenta. Todos os anos, mais lixo eletrônico é produzido globalmente do que no ano anterior. O chamado e-lixo ou lixo tecnológico causa enormes problemas e, em um mundo já ameaçado por tantas questões ambientais, como enfrentar mais essa demanda?

MUITO LIXO ELETRÔNICO PARA POUCA RECICLAGEM

E-lixo é a denominação de produtos eletrônicos que chegaram ao fim de sua “vida útil”. Isso pode incluir computadores, monitores, televisores, aparelhos de som, copiadoras, impressoras, celulares, câmeras, baterias e muitos outros dispositivos eletrônicos. Os dispositivos eletrônicos usados podem ser reutilizados, revendidos, recuperados, reciclados ou descartados. Nesta última e pior opção, o e-lixo tem um efeito devastador sobre o meio ambiente.

O problema dos resíduos eletrônicos é enorme: mais de 20 milhões de toneladas de e-lixo são produzidas no mundo anualmente. Somente os americanos geram cerca de 3,4 milhões de toneladas por ano. Nos Estados Unidos, apenas 10% dos telefones celulares são reciclados e a maioria dos americanos adquirem novos aparelhos a cada 12 a 18 meses. Na China, 160 milhões de dispositivos eletrônicos são descartados anualmente. Cria-se muito lixo eletrônico e se reutiliza muito pouco. O bom exemplo, porém, vem da Noruega, que consegue dar um destino apropriado para 74% dos equipamentos descartados, mesmo sendo um dos líderes mundiais na produção desse tipo de resíduo, com 27 quilogramas por habitante/ano.

Em muitos países esses eletrônicos acabam em aterros sanitários. O resultado? Toxinas como chumbo, mercúrio e cádmio contaminando o solo e a água, causando graves problemas digestivos, neurológicos, respiratórios e ósseos na população, principalmente a mais vulnerável. O que fazer, portanto, com as montanhas de eletrônicos descartados?

A reciclagem mal conduzida gera grandes quantidades de poluentes, metais pesados e produtos químicos, que são lançados nos rios próximos, contaminando severamente o abastecimento de água local, devastando as colheitas agrícolas e prejudicando a saúde dos moradores.

O incentivo a um mercado global de eletrônicos usados, por sua vez, seria uma ótima ideia. Muitas vezes, computadores podem ser consertados com peças de baixíssimo custo. Esses aparelhos recondicionados dariam às pessoas acesso a produtos eletrônicos a preços reduzidos, inserindo-os nos incríveis benefícios da tecnologia.

O LIXO ELETRÔNICO NO BRASIL

Cada brasileiro produz, em média, 8,3 quilogramas de e-lixo por ano; desses, só 3% vão para centros de reciclagem. Na América Latina, somos líderes na produção de lixo eletrônico; nas Américas, perdemos apenas para os Estados Unidos. Em termos mundiais, o Brasil é o sétimo maior produtor de lixo eletrônico, ficando atrás apenas de China, Estados Unidos, Japão, Índia, Alemanha e Reino Unido.

Dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 724 têm algum tipo de coleta de e-lixo. Para enfrentar o desafio do descarte de lixo eletrônico, em 2010 o governo brasileiro promulgou a Lei nº 12.305, que determina que fabricantes, distribuidores e comerciantes devem tomar medidas para minimizar o volume de resíduos, além de instituir uma cadeia de recolhimento e destinação ambientalmente adequada pós-consumo.

Mais do que leis, porém, a solução para o problema mundial do lixo eletrônico passa necessariamente pela mudança de mentalidade dos consumidores em relação à substituição de seus antigos aparelhos eletrônicos por novos, muitas vezes ainda em perfeitas condições de usabilidade.