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Um dia todos precisarão de acessibilidade na vida, seja por um evento provisório ou condição permanente, portanto, viver com autonomia e conforto significa pensar em acessibilidade para todos — este é o leitmotiv da certificação Guiaderodas, programa que reconhece as melhores práticas de acessibilidade no mundo.
O direito de ir e vir, expresso no artigo 5, parágrafo 15 da Constituição Federal, parece algo fácil de entender para quem não tem dificuldade de locomoção. Infelizmente, porém, esta é uma experiência desafiadora para milhões de pessoas no Brasil. Com uma simples caminhada em uma cidade brasileira somos capazes de entender o motivo: calçadas esburacadas, ausência de rampas de acesso, pisos desnivelados, entre outros problemas. Bruno Mahfuz, fundador do Guiaderodas, sentiu isso na pele, ao sofrer um acidente de carro aos 17 anos e ficar cadeirante. A partir de então, enfrentou diversas experiências negativas devido à falta de acessibilidade nas cidades, as quais o fizeram entender que um mundo mais acessível vai muito além do cumprimento de leis e normas. Para que a acessibilidade exista de fato, é necessária a execução de um conjunto de práticas, entre as quais a adaptação da infraestrutura de uma cidade e a conscientização da sociedade sobre a importância do tema.
A certificação Guiaderodas é um programa que reconhece as melhores práticas de acessibilidade no mundo, baseado na premissa de que a acessibilidade deve ser vista como um exercício contínuo e no conceito de que “ambientes acessíveis” são compostos pela estrutura física e pelas pessoas. Sua metodologia original foi desenvolvida em conjunto por uma equipe interdisciplinar: arquitetos especialistas, pesquisadores e pessoas com deficiência, o que possibilita que a avaliação avance muito além do atendimento à legislação vigente e às normas técnicas elaboradas pelos órgãos de regulação. Percebendo a acessibilidade como um organismo vivo e incorporando fatores humanos, o processo de avaliação também leva em consideração a experiência prática de pessoas com deficiência, a percepção dos usuários habituais do espaço, além de aspectos de tratamento interpessoal.
Para conquistar a certificação Guiaderodas, duas etapas devem ser seguidas: Avaliação Técnica e Vivência Funcional — realizada mediante visita in loco por arquitetos especialistas e pessoas com deficiência que avaliam o espaço sob o ponto de vista normativo e prático; Aprimoramento da Experiência — contempla o acompanhamento das equipes mediante suporte técnico, treinamento dos colaboradores e aplicação de pesquisa para engajamento dos ocupantes na causa com o objetivo de reduzir barreiras atitudinais e propiciar uma experiência boa para todos.
Os benefícios da certificação Guiaderodas incluem valorização do imóvel, diminuição de riscos regulatórios, segurança e priorização da saúde e do bem-estar dos ocupantes, satisfação dos usuários, associação à causa.
Fundador da Guiaderodas, Bruno Mahfuz resume a filosofia da certificação: “Jamais me coloquei em uma situação diferente por causa da minha condição. Ser cadeirante é apenas o meu desafio. Cada um tem o seu. No Guiaderodas não vemos a acessibilidade com dó, mas sim como qualquer outro desafio da vida.” Sem dúvida, um exemplo a ser seguido.